quinta-feira, 3 de março de 2016

RJ: MP sugere cadastro de pescadores para combater morte de botos-cinza

Crédito: Divulgação Instituto Boto-Cinza
Por Gabriel Deslandes / Alerj

Cadastrar pescadores artesanais e reforçar a fiscalização da pesca predatória na Baía de Sepetiba. Essas foram algumas medidas apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) à Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) como mecanismos para evitar a extinção dos botos-cinza da região, em audiência pública realizada nesta quinta-feira (03/03).

Procuradora da República no município de Angra dos Reis, Monique Cheker acredita que precisa haver um controle maior na região. “O problema não está nos pescadores artesanais, mas é evidente que a principal causa da morte dos botos hoje são as redes de espera. As empresas podem sentar com os pescadores e verificar medidas alternativas de sobrevivência”. Em fevereiro, o Ministério Público enviou uma recomendação para o  Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Capitania dos Portos tomarem providências.

Presidente da comissão, o deputado Thiago Pampolha (PTC) afirmou que o próximo passo será reunir os pescadores da Baía para ouvir suas reivindicações. Pampolha também destacou a responsabilidade das empresas instaladas na área para a manutenção do equilíbrio ambiental. “Precisamos ouvir as empresas, junto aos órgãos licenciadores, para identificar que iniciativas colaborativas desses empreendimentos para realmente evitar o fim da espécie”, afirmou.

 Crédito: Thiago Lontra/Alerj
Números: De acordo com o coordenador científico do Instituto Boto-Cinza, Leonardo Flach, o crescimento dos municípios no entorno da Baía de Sepetiba contribuiu para a redução da população de botos. “A Baía de Sepetiba, pode estar no mesmo caminho da Baía de Guanabara”. Segundo ele, o número caiu de 1.260 animais, em 2003, para 790 em 2015. No ano passado, 120 botos foram achados mortos.

O instituto considera que os empreendimentos obrigam os pescadores a se deslocarem para os locais onde se concentram os botos, que acabam ficando presos em redes de espera. A pesca clandestina de barcos de fora do Estado do Rio também é um agravante. “Os empreendimentos, somados à expansão do Porto de Itaguaí, têm diminuído a zona pesqueira. Temos um conflito socioambiental que não só está afetando a fauna marinha, mas todos os atores do entorno”, disse Leonardo.

Já o secretário municipal de Meio Ambiente de Mangaratiba, Cláudio Maia, acredita que o pescador artesanal não pode ser responsabilizado pela extinção dos botos. Segundo ele, o prejuízo ambiental decorre das explosões subaquáticas e o despejo de sedimentos nas águas pelas empresas, como a Vale, que já foi multada em R$ 10 milhões. “O pescador artesanal e o boto-cinza sempre conviveram harmonicamente, e não é nem economicamente viável para o pescador capturar um boto. O que vem ocorrendo, na verdade, é um mix de empreendimentos com pouco controle dos órgãos de fiscalização”, explicou.

Também participaram da reunião o vice-presidente do Inea, José Maria Mesquita, e os deputados Dr. Julianelli (Rede) e Tio Carlos (SDD).

Fonte: alerj.rj.gov.br

Saiba mais sobre o Boto-Cinza: www.institutobotocinza.org


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